terça-feira, 26 de junho de 2012

Sobre herança e princípios


Do nosso berço vêm as nossas marcas.  É da herança dada pela nossa família que nos construímos.  É nossa herança social, nossa herança como indivíduo. A nossa aprendizagem resulta nas nossas atitudes, nos nossos atos e no nosso caráter.

Princípio é definido também como origem, de conhecimento ou de ação. São nossos princípios que nos definem, que dão as características decisivas para mostrar quem somos e o que aprendemos; nossa riqueza ou pobreza. 

Pobreza de espírito, essa ralé de gente baixa, desonesta, desleal que não preza as pessoas que amam. Pessoas pérfidas. 

Riqueza, muito além do que temos no banco, é aquilo que não cabe no bolso. Carregamos na cara, na alma, na vida. Essa riqueza de ser realmente um ser humano. Que enxerga as pessoas, se enxerga. E mesmo quando não enxerga, tem o coração rico para guiá-lo. 

Segurem seus princípios e mostrem se tem caráter, tuas ações demonstrarão quem você é. De onde vieram. Veremos se no berço foi embalado com uma bela canção de ninar ou com barulhos desafinados, sem melodia alguma. Sua composição tem a harmonia de um conjunto; apoio musical, sua voz demonstra o ritmo que lhe foi dado. 

E eu agradeço pela herança que me foi dada, com o mais puro valor. Agradeço por ser de uma família de caráter, ter sido bem orquestrada; orientada na vida.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

Bem me quer... Te quero bem.


Uma flor e uma pétala solta. Era isto que continha na caixa enfeitada que o moço entregou para aquela moça de olhos cansados.

- Ela está incompleta, uma pétala está solta aqui. – Ela observou tristonha, esperando uma flor inteira.

- Eu sei.  – Deu de ombros com um sorriso tímido. 

Ela colocou a única pétala que faltava na flor na palma da mão e foi em direção ao lixo. 

- Não, não joga fora! – Ele ficou aflito.
- Por quê? 

- “Bem me quer, mal me quer”... Ela foi o “bem me quer”, eu não quis continuar a despedaçá-la e a trouxe pra você nunca esquecer que eu te quero bem.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aquilo que cala, também assusta.


Alguma coisa mudou. Tem cantinho de silêncio nas nossas conversas. O que antes fluía tão bem, hoje pesa. E eu já não te entendo mais, parece que quanto mais eu luto pra entender, mais nocauteada e machucada saio. Esse silêncio gritando firme, agudo e baixo em cada uma das minhas entranhas. Testando a sua falta em mim, testando a dor que isso causa. Mesmo na sua fala ainda ouço um silêncio rouco, indagador.

Cantinho de silêncio. Ecoando. Escoando.

Tenho medo da enchente, cheia de ruídos, que será quando o seu silêncio resolver ser tempestade.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O reflexo

Um grito estridente e abafado saiu da boca da menina, pelo reflexo do espelho notou que havia uma pessoa diferente ali. Saiu depressa e assustada do quarto.
- Vem, mãe, corre! – Puxou a mãe pelo braço e as trancou no banheiro.   

 - O que houve?! – a mãe não entendia o tamanho do desespero da menina.

- Alguém entrou aqui em casa! A gente tem que chamar a polícia! – explicou afobada e tremendo.

- Você tá doida, menina. Não tem como ninguém entrar aqui. – destrancou a porta e saiu calmamente.

A menina tentou impedir, mas a mãe foi verificar.

- Cê deve ter tido um pesadelo, não tem ninguém aqui. – viu que estava tudo em ordem e saiu do quarto pensando nas tarefas da casa que precisavam ser finalizadas.

Ainda assustada, a menina voltou até o quarto e observou de canto de olho que ainda havia um reflexo diferente ali. Chamou a polícia, mas eles acharam que ela devia mesmo era chamar um psiquiatra.

 fonte da imagem: https://www.google.com.br/

Ninguém via ou acreditava nela, era como se ela visse um fantasma.  Ela mesma teria que enfrentar a pessoa que estava se escondendo ali.  Foi até a cozinha, seu gato apenas acompanhava cada movimento dela com o olhar, parecia que também estava achando que ela ficara louca, pegou duas facas e foi corajosamente até o quarto. Respirou fundo, deu um impulso e saiu correndo em direção ao espelho gritando como uma guerreira em combate.
Bateu com a faca no espelho e parou, como num choque, ficou paralisada.
E ali, em meio às pequenas rachaduras que se formaram, viu que a mulher era o seu próprio reflexo. Ela enfrentou barreiras, a reconstrução foi dolorosa, mas a renovação se tornou grandiosa. Se encontrou.
Nunca foi tão bom me olhar no espelho, apesar do espanto de como foi tão rápido, me sinto bem, essa era a mudança que queria ver – pensou, com um sorriso largo no rosto.