domingo, 26 de fevereiro de 2012

Henry

"Leio para ele o que escrevi sobre o efeito de suas anotações. Ele disse que eu só poderia escrever daquela maneira com intensidade imaginativa, porque não tinha experimentado o que escrevia, que a experiência mata a imaginação, como acontece com ele.
 Bilhete para Henry em tinta roxa sobre papel prateado:
"A mulher se sentará eternamente na alta poltrona preta. Eu serei a única mulher que você jamais terá. A vivência excessiva desgasta a imaginação. Nós não viveremos, apenas escreveremos e conversaremos para içar as velas" "

Trecho extraído do livro Henry & June - Anaïs Nin 



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A peça, a máscara


fonte da imagem: http://weheartit.com/

A pipoca acabou antes das cortinas se fecharem, ela parecia sem sal, os aplausos cessaram rapidamente e as palmas calorosas não existiram.
Cansaram de bater palma pra tua encenação antes do fim do primeiro ato.
Alguns saíram de mansinho logo no começo, outros saíram sem se preocupar com o que iriam dizer, querendo o dinheiro de volta, outros permaneceram, apenas por pena, excesso de educação ou algo do tipo.
A bela pintura foi derretendo do seu rosto, foi mostrando teu verdadeiro ser. Não havia mais como manter o personagem que você montou, encenou.
Hoje você ainda tenta segurar uma máscara, mas ela é tão pesada e falsa que a maioria não quer pagar pela peça.
Ops, está enfraquecendo... Veja, está caindo... Caindo... Olha a máscara no chão, ela caiu!





quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nem cartas, nem astrologia. Ela é que sabe!


Ela sempre sabe. Quando não a ouço eu tombo, tombo feio, ralo o joelho, bato a cabeça, me machuco. Entendendo-me ela não me diz que tinha me avisado, me acalanta, me aconchega e me diz tudo o que me é necessário ouvir. 

Ela é sangue quente, mas sabe ser a água mais tranquila quando meu mar faz tempestades. 

Ela me orienta com todo seu amor, ela sabe do meu olhar, ela é minha força desde que me entendo por gente e talvez até muito antes dessa e de outras vidas.

Minha mãe é que sabe de mim.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A cobra quer ganhar o Oscar

A língua agita captando as partículas de odor do ambiente, onde ela se rasteja lentamente, dissimulando entre as outras pessoas, devagar, salivando doçuras em forma de veneno. Santifica cada gota como se fosse água benta, eles vão sendo picados com as palavras e o inocente olhar da cobra e não sentem os efeitos imperceptíveis aos olhos que ainda têm fé no ser humano. Vêem a cobra com a pele intacta e não percebem as várias espécies que se encontram nela.

Ela é Víbora rápida, Naja que cospe veneno que chega longe, ah, Cascavel que chocalha como se brincasse com criança.

Essas pessoas não trocam de pele. Resta-nos conseguir enxergar através das escamas.

E a cobra vai se entrelaçando, apertando até onde der, é rasteira, passando por cima após cada bote, quase sem ser notada, pois evita rastros, os esconde com lindas cores. Traiçoeira do próprio ninho. E tem uma infestação delas por aí.

O esgoto desses espécimes de ser humano se abre todo dia. E é só uma parte da escrotidão humana.

Por fim, que bela ofensa eu acabo de fazer aos répteis.






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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Logo se apaga...


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Ele disse: É fogo...
E eu afirmei: Só uma pequena chama, logo bate uma brisa bem leve e gostosa e ela se apaga.







*Quando me refiro à 'fogo' no texto faço referência a expressão popular para algo complicado, difícil.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Combinado


Ai, por favor, caneta para de me chamar pedindo pra escrever. Nós sabemos que só anda saindo coisas loucas e confusas toda vez que minha cabeça tem um surto pedindo pra eu escrever antes dos paramédicos chegarem e me colocarem uma camisa branca especial. Nossa relação não é mais a mesma. Então, vamos deixar combinado assim: não clame mais por mim e eu venho aqui te visitar de vez em quando, só pra contar algumas sentimentalidades, mas, por favor, não me seduza pra dividir com o resto das pessoas por aí. 

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Menina 04:24

Essa menina é estranha, guarda tudo pra ela e quando não aguenta explode baixinho, pra pouca platéia, explode em lágrimas. Menina problemática que tem vergonha dos sentimentos inocentes e bonitos, cheios de história.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

um tweet.

E sorria, sorria, sorria, sorria até que a vida perceba que você é melhor que tudo isso. E continue sorrindo, sorrindo, deixa iluminar!

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