-
Eu quero uma cerveja. – pediu ela, entregando o cardápio ao garçom
de forma pueril.
-
Você reclamava que era amarga.
-
Descobri que eu também sou, combinamos.
-
E você também não bebia! – reclamou ele.
-
Digamos que você é o único que descobriu
isso. – selecionou uma das batatas na
mesa e mastigando completou – ah, e obrigado por me ensinar a beber.
Silêncios indo e vindo.
- Então... Por que a mensagem? – perguntou
ela. Ergueu as sobrancelhas e apertou os lábios vermelho sangue.
- Alguém sabe que você tá aqui?
- Não.
- Só...lembrei das tuas palavras, de você. – disse ele, abaixando mais o tom de voz.
- uhum, entendi. E ela? Sabe que você tá
aqui?
- Não faz ideia.
Ele jogava brincadeiras, piadas prontas,
bobagens de menino.
-
Preciso ir. – Encaixou os pés no sapato e tomou o último
gole de uma cerveja.
-
Mas você vai assim? – perguntou ele.
-
Sim.
-
Mas antes que eu me esqueça – ela deu meia volta
e ficou colada nele, abriu a bolsa e tirou um punhado de moedas – Sei que o fim
do ano já passou, mas toma aqui a caixinha dela.
-
Como assim?
-
É assim que gente educada faz lá na minha rua,
dá caixinha pro lixeiro todo fim do ano. A gente sempre fica feliz quando
recolhem um lixo, né?
Sorriu e entrou no carro, imperiosa.
Os dentes dele rangiam raiva e vontade de
agarrar, pela última vez, aquela mulher, mostrar quem manda. Mas o queixo caiu,
agora era ela.
| |