Eu o intrigo. Intrigo porque sei viver sem ele, porque não
espero ligação no dia seguinte. Não choro, nem quero café-da-manhã. Janto à luz
de velas com os meus fantasmas e não espero que alguém venha me salvar. Ele não
entende a independência que corre em mim, porque ele sempre foi acostumado a
ter gente que corria por ele, atrás dele. Mas eu não. Eu o ameaço. Ameaço
porque sei de cor poemas de Fernando Pessoa, mas também tenho aprendido a
saborear e me deliciar com Anaïs Nin. Entendo “Ensaio sobre a cegueira” e sei o
sentimento que o autor queria passar. Gosto de analisar poesias, mas ainda não
entendi como se ama um passarinho morto. Ele não quer saber de nada disso, só fica tranquilo quando eu leio um romance light, acha que eu vou
ficar vulnerável e finalmente me apaixonar por ele, não imagina que eu estou
justamente aprendendo a como não ser romântica, a não seguir os passos das
personagens e me embasbacar por qualquer cara como ele. Ele gosta do desafio
que eu sou. Ele
quer vencer os obstáculos, mas ainda não passou nos primeiros testes.
Se bem que eu acho que o vi com um Manuel Bandeira na mão esses dias, talvez ele seja capaz de me dizer como se ama um passarinho morto...
Se bem que eu acho que o vi com um Manuel Bandeira na mão esses dias, talvez ele seja capaz de me dizer como se ama um passarinho morto...
*"Como se ama um passarinho morto" faz referência ao poema Boda Espiritual do Manuel Bandeira.