terça-feira, 9 de outubro de 2012

Esquizofrenia


Os olhos vão de um lado para o outro, compassados, desesperados.  Procuram os monstros escondidos na sombra, até mesmo na luz. Não se fecham, arregalam, vermelhos, choram e as lágrimas transparentes se confundem com o suor que escorre frio pelo rosto. O suor do calor seco que invade a respiração afobada, desgastante, quase acabada.
O rapaz sai correndo, fugindo das vozes, encarando os rostos na rua, empurrando pessoas. Ouve risadas, zombaria. O ouvido apita, ele grita. Pede silêncio – shh -, mas não há barulho em volta. Ele está desgovernado, em desalinho. Surtou. Pisa no chão parece que afunda. Corre sem rumo, pesado, como se corresse no mar. Mergulhou nas sombras, nos fantasmas, nos pensamentos descoordenados.  Delira.
Há falhas, falta algo que ele não sabe. Bate na cabeça pra ver se volta a funcionar, aperta os olhos para deixar de ver aqueles seres, tapa os ouvidos pra não ouvir o que eles dizem. 
Se esconde no quarto, por baixo e em cima da cama. Mas estão por todos os lados, estão o dominando. Está tudo dentro dele. 

Fonte da imagem: http://migre.me/b51a3

Um comentário:

  1. Para vai, Má. Tô ficando com vergonha de escrever textos depois de ler os seus :')

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