sábado, 22 de outubro de 2011

Dois Planetas, um ponto.

Mais distante que Marte, mais frio que o gelo do ártico e as gotículas da chuva de inverno, escondendo mais coisas dentro de si que um baú de sete chaves. E já era, porque meu foguete não tem mais o mesmo motor pra alcançá-lo, meu fogo quase incendiário não consegue mais emitir nenhuma faísca e minha chave mestra apresenta defeitos. Me vejo apenas, querendo acabar com minhas agonias de ver tudo isso acontecer diante de mim e não conseguir entender o que se passa. Fica tranquila – ele disse pra mim, mas quase não deu pra ouvir aqui da Terra. Eu fiz algo errado? – perguntei quando, na verdade, queria dizer “Me diz o que tá acontecendo, preciso tanto cuidar de você!”. Mas não se ouviu mais nada, a distância dos nossos planetas já havia se expandido demais. Não foi nada, esquece. – Num breve sussurro eu escutei  a voz dele ecoar no espaço. E ao olhar para o céu vi um avião passar. Ao sumir pareceu desenhar um ponto, apenas um. É isso, desliguei o motor, não forcei mais nenhuma faísca e guardei a chave no bolso. Ponto.



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