terça-feira, 25 de outubro de 2011

É aquela coisa

 Tem dias que eu sou todinha ela. No outro a engano e me torno mais eu. No instante seguinte ela me encontra e abraça meu coração com toda força, até espremer ele devagarzinho. Sabe se juntar com o cérebro e a alma também, e são nesses dias que ela faz isso que eu vou me encolhendo cuidadosamente. Me puxa pela perna, me joga no chão e me deixa ali, a beira da estrada pra ser novamente esmagada. Eu levanto, depois de algum tempo de desistência e finjo que nada aconteceu. Ela sorri pra mim de forma pueril, enquanto eu grito com ela. E, de vez em quando, eu aperto ela dentro de mim só pra ver se cabe algo que me complete mais. E como quem não quer nada, ela volta. E ficamos brincando. Ela de pega-pega, eu de esconde-esconde. Eu e a saudade.


Fonte da imagem: http://migre.me/anADz





sábado, 22 de outubro de 2011

Dois Planetas, um ponto.

Mais distante que Marte, mais frio que o gelo do ártico e as gotículas da chuva de inverno, escondendo mais coisas dentro de si que um baú de sete chaves. E já era, porque meu foguete não tem mais o mesmo motor pra alcançá-lo, meu fogo quase incendiário não consegue mais emitir nenhuma faísca e minha chave mestra apresenta defeitos. Me vejo apenas, querendo acabar com minhas agonias de ver tudo isso acontecer diante de mim e não conseguir entender o que se passa. Fica tranquila – ele disse pra mim, mas quase não deu pra ouvir aqui da Terra. Eu fiz algo errado? – perguntei quando, na verdade, queria dizer “Me diz o que tá acontecendo, preciso tanto cuidar de você!”. Mas não se ouviu mais nada, a distância dos nossos planetas já havia se expandido demais. Não foi nada, esquece. – Num breve sussurro eu escutei  a voz dele ecoar no espaço. E ao olhar para o céu vi um avião passar. Ao sumir pareceu desenhar um ponto, apenas um. É isso, desliguei o motor, não forcei mais nenhuma faísca e guardei a chave no bolso. Ponto.



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nada mais que uma pateta

 A mais patética de todas as patéticas, é um sentimento aflorando nas últimas semanas. É aquele momento que sente raiva de você, só sabe falar sobre um assunto, não porque seja seu preferido ou porque te faz bem, mas sim porque é o único que você ignora avisos e que deixa dúvidas na sua mente. Todos os demais assuntos contendo suas opiniões e desejos estão formados, um dia quem sabe eles mudem, mas estão lá, intactos. Esse não, esse você não sabe se tudo isso é realmente real ou é só algum tipo de transformação aí dentro de você, se é tudo sentido com toda essa intensidade ou se, apenas, você que quer intensificá-los por alguma razão escondida no seu interior. Aí você chega e quer descobrir e desvendar tudo isso, e todos te dizem o que deve ser o melhor, ignora com a ajuda do bom e velho companheiro orgulho. Tal ato de repetir várias vezes o mesmo assunto, cansa até mesmo a própria pessoa que repete, imagina os demais, né? E, então, se sente, mais uma vez patética. A gata borralheira que não está a fim de admitir que perdeu mais uma vez o sapatinho de cristal e mordeu a maçã envenenada, só pra não engolir o orgulho de admitir que é tão frágil quanto as demais damas do reino. E é assim, ou algo assim. O trem tá chegando e a chuva continua a cair, o vestido já começa a desbotar, o que te resta é dar sinal pro próximo cavalo branco que passar antes que a chuva vire tempestade. O que tem a ver o cavalo nessa história? Ele vai te levar pra longe do reino, distante do seu velho assunto, e, se você repetir, pra ele não tem nada demais.

sábado, 15 de outubro de 2011

Fantasminhas camaradas?



Sabe as assombrações, os fantasmas que te perturbavam as noites quando você era criança? Chegava a hora de dormir e todo barulho ou imagem no meio do escuro te remetia a um possível fantasma. Você então, se cobria com o cobertor mais pesado, juntava ele por todo o seu corpo, sem deixar nem um espaçozinho sequer mesmo que estivesse o calor mais insuportável do mundo, depois disso cobria o seu rosto pra não ver nada caso seus olhos insistissem em abrir, quase se sufocava ou morria de calor, mas não importava, só não podia ver ou sentir um fantasma por ali. O medo era mais forte. Na noite seguinte o anúncio na TV era de um filme de terror, sua mãe dizia: “É bom você não assistir ou não vai conseguir dormir depois!”. Concordava, porém só da boca pra fora, porque era tão emocionante tudo aquilo que escondido ia assistir. E, mais uma vez, ignorando os avisos, aqueles medos voltavam. Depois de toda aquela proteção contra fantasmas o medo ainda voltava lá e seus olhos enchiam de lágrimas. “Por que eu não ouvi minha mãe?”, se perguntava até cair no sono. O problema que os fantasmas também vinham em pacotinhos chamados ‘pesadelos’, e, desses eram difíceis fugir. Mas no dia seguinte você já acordava corajoso de novo, podendo enfrentar qualquer fantasmas que viessem pela frente, eles não eram páreo para você. Sentia-se a Mulher-Maravilha até passar outro filme na TV e tudo se repetir, só que dessa vez você engolia a vergonha e ia dormir com seus pais. Não era assim?
Você cresceu, os fantasmas não te assustam tanto mais como antes. Mas aí aparecem outros fantasmas, outros monstros pra assombrarem suas noites. E esses são reais, tem nome e sobrenome, vêm em pacotinhos chamados ‘pesadelos’, mas, também vêm em pacotinhos chamados ‘realidade’. Os sons e imagens que eles produzem durante a noite são reais, são chamados de ‘lembrança’. O medo que eles te dão vem do seu coração que não sabe lidar com aquilo. E, mesmo assim, algo dentro de você ainda acha todo esse “filme de terror” tão emocionante como os de quando você era criança, e fica assim, permanente em você por mais que doa, porque no fundo ainda te faz bem, te faz feliz esse medinho, essa emoção. Você ainda foge, porque fantasmas são difíceis de capturar e, a essa altura, depois de tantos fantasmas te rondarem você não tem mais a força de uma super-heroína e muito menos a sabedoria de um Dalai Lama pra conseguir lidar com tudo isso. Mas deixar de assistir o filme também é difícil. Então, decidi continuar a repetir o ritual de quando era criança, se cobre, esconde a cabeça, as lágrimas surgem um pouquinho até tudo isso passar ou você cair no sono. A cama dos pais já não é uma possibilidade, te resta se agarrar um pouco no travesseiro.
 “Não assista esse filme de terror, ele não vai te deixar dormir.”, eu sei, mas o fantasma que aparece nele me faz tão bem, mãe.

Pairando

 Desnorteada e com o olhar distante ela andava pela rua, tinha os passos tortos como se estivesse embriagada.
Uma senhora que passava do outro lado da rua gritou: “Onde vai parar essa juventude, meu Deus?”
 Ela não ouvi. Assim como não ouvi o carro que buzinou ao quase atropelá-la, a freada brusca do carro de trás e o cachorro latir da casa pela qual passou. Também não sentiu em seus braços nus o vento gélido daquela quase madrugada, muito menos a boca ressecada e os olhos úmidos. Não enxergou os olhos espantados das poucas pessoas que cruzaram o seu caminho, nem percebeu que já estava quase na fronteira de outro município. As coisas que pensava já não sabia se ainda eram pensamentos ou se articulava algum tipo de palavra. Não sentia controle sobre seu corpo ou sua mente, não havia sentimento ou qualquer tipo de emoção. Já passara da meia-noite e muito antes disso ela já havia virado abóbora, uma abóbora amassada e estragada era isso que tinha se tornado.  Seu corpo exausto pediu arrego e ela caiu no meio da calçada. Olhando para o céu, sua mente, que ao contrário do seu corpo não parava, se alinhou e lembranças de um passado de meses que pareciam anos dentro dela se reuniram. Soltou um som estridente pela boca, junto com suas mãos que tocaram seu rosto. No momento que sua face sentiu o toque de suas frágeis mãos ela sentiu algo molhado, preferiu acreditar que eram mais uma vez as lágrimas de meses. Ali deitada, sentia a camisa grudar em seu corpo. Tateou os bolsos a procura do celular pra tentar lembrar o que tinha acontecido nas últimas horas. A última ligação: Senhor X.  O senhor que pairava em sua mente há meses, os encontros com ele que sempre deixavam algo no ar, tudo pairava. Vivia pairando, flutuando sobre eles. Só que tudo isso não iria mais acontecer. Ela olhou para suas mãos e para a camisa que grudava. Ela o matou. Ela viu o sangue, a camisa encharcada do liquido vermelho e as mãos com resquícios do crime. Pois, então, agora não pairaria mais e ela tinha em suas mãos o sangue dele. O sangue deles. E era só o primeiro dos muitos crimes que ela ainda cometeria.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O Corte da corda

- Ele não é nada seu. 
Com toda sua inocente sinceridade ele disse isso como quem passa manteiga no pão pela manhã.
- Eu sei.
- Então, por que a aflição de ainda querer notícias e de querer saber o que se passa ao redor e dentro dele?
- É que ainda faz falta tudo que ele poderia ser... Tudo que poderíamos ser.  E acho que me preocupo com ele, comigo.
- Isso é carência sua.
Sua sinceridade era muitas vezes grosseira, mas era disso que ela precisava.
- Não, infelizmente não é. Já senti o calor de outros braços e já matei minha sede em outras bocas. E isso permanece. O frio na alma e o calor no coração ainda estão aqui.
- Foi você quem fez a escolha de retirar as reticências. É esse seu jeito impulsivo, impaciente e de querer ter certeza de tudo que estraga as coisas às vezes.
- Sinto raiva de mim também por isso. Você acha que fiz a escolha errada?
- Não, não sinta raiva de você. E você só fez o corte de algo que te afligia, você cortou a corda que machucava seus pulsos e te mantinha presa. O único problema foi que a corda deixou marcas, talvez você tenha deixado que ela se apertasse demais. Marcas não incomodam para sempre, fique tranquila, alguma hora você nem vai mais as notar aí.
- Então por que disse que esse meu jeito estraga tudo?
- Nem sei mais o que digo. É que, assim como você, cansei de ver o seu rímel escorrer pelas suas bochechas junto com esse líquido salgado dos seus olhos. E fico pensando, e se você fosse mais calma e deixasse o destino se encaminhar sem dar a mão pra ele. Mas depois repenso e penso, não sei se isso seria bom.
- Se você não sabe, imagine eu.
- Mas lembre-se: toda atitude vinda do coração, quando não se tem raiva nele, é bem-vinda.

Bateu delicadamente com a ponta do dedo na pontinha do nariz dela, sorriu levemente, piscou os olhos devagar. Todos esses sinais ela já sabia o que significavam: “Vai ficar tudo bem.”





terça-feira, 4 de outubro de 2011

Tudo certo, não!


 Só, por favor, não me diga que dará tudo certo. Me diga que ficará tudo bem. Porque nem sempre dá tudo certo, nem sempre o que é certo pra você é o que é pra mim, e, eu não vou aguentar ver tudo se desmanchar. Mas, fica tudo bem... Sempre fica tudo bem.
Então, repete o mantra comigo : “vai ficar tudo bem.”.



...(só um pequeno pensamento da madrugada)...


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sábado, 1 de outubro de 2011

Vamos ser feliz agora?


Eu quero ser feliz agora - Oswaldo Montenegro




É, isso. Largue seus medos, persiga seus sonhos. Não deixe que decidam os seus caminhos por você, não permita que apaguem o seu brilho, não solte das suas mãos aqueles desejos só porque te disseram que você não pode "entrar nessa festa". Mostre que você sabe dançar e que nessa pista da vida você pode ser o melhor!
Se atire com os braços abertos, a vida não espera por você. Então, por que ter paciência de esperar por ela? "Se joga na primeira ousadia"!
Não se cale, grite. Você é capaz. Ouça seu coração e não deixe que seus medos ensurdeçam ele!
Tem um futuro que te adora, meu amor. Vamo, vamo, "olha pra vida e diz pra ela...
Eu quero ser feliz agora!"


(só um pequeno recadinho, quase que um lembrete pra eu mesma não me esquecer...quase um mantra...nada demais.)