Suas madeixas, quase cobertas totalmente com sangue, caiam
desajeitas nos ombros. Os seus fios loiros grudavam nas bochechas que suavam
gotículas frias. Pegou por entre seus lábios uma pequena gota de sangue que sua
língua delicadamente afagou entre salivas. Um sabor de ódio. Como era esse
sabor? Quando ela descobriu o sabor de um dos sentimentos mais enfermos da
humanidade? Perguntas que ela daria voltas pra responder, que seu rosto
angelical dificultaria as pessoas de conseguirem arranjar respostas aceitáveis.
A fraqueza era perceptível, o corpo débil percebia o pico da covardia que ela
havia atingido. O ambiente frio fazia com que os pêlos de seus braços ficassem
levemente arrepiados, mas as bochechas se mantinham coradas de medo a cada
vento que farfalhava as folhas das árvores lá fora. Buscava a morte dos urubus
que comiam a carne podre que havia se tornado o coração dela, no caminho
tropeçou com a debilidade de seus pensamentos que agora a crucificavam. Ela sabia que o tinha acontecido ali, naquele
banheiro de pisos brancos e paredes com tintura mal feita, era errado. E as
pessoas iriam a esfarelar como biscoito infestado por insignificantes formigas.
Mas quando segurou a faca com toda a certeza que nunca teve, não lhe importava.
O errado no fim das contas, contas que para ela viriam com um cobrador
insistente e folgado lhe cobrando todos os juros que restavam, era só mais uma
questão de perspectiva.
E o ódio manipulou todo aquele manejar da faca, o ódio certo. Ah, aquele era certo, claro e sujo. Sujo como o sujeito que aniquilou seu amor. E a frieza na superfície de seu coração engrandecia-se, escorrendo para seu olhar. A faca cortou a garganta, a faca feriu o coração, a faca raspou como lâmina os pêlos do peito dele. Mas que importava se ela sentia facadas a cada instante de seus suspiros doloridos?
A banheira onde ele se encontrava, trocou o liquido transparente da água, para a vermelha paixão do sangue. Ela, sentada com as pernas de lado, limpava a faca com seus dedos como se tocasse a harpa dos anjos. Cantarolava em sussurros uma cantiga. Colocou delicadamente a faca ao lado de seu corpo e tocou o frio corpo, deslizando seus dedos pelo braço dele até atingir o líquido na banheira. Balançava as mãos, fazendo ondas de sangue e cantarolando.
E o ódio manipulou todo aquele manejar da faca, o ódio certo. Ah, aquele era certo, claro e sujo. Sujo como o sujeito que aniquilou seu amor. E a frieza na superfície de seu coração engrandecia-se, escorrendo para seu olhar. A faca cortou a garganta, a faca feriu o coração, a faca raspou como lâmina os pêlos do peito dele. Mas que importava se ela sentia facadas a cada instante de seus suspiros doloridos?
A banheira onde ele se encontrava, trocou o liquido transparente da água, para a vermelha paixão do sangue. Ela, sentada com as pernas de lado, limpava a faca com seus dedos como se tocasse a harpa dos anjos. Cantarolava em sussurros uma cantiga. Colocou delicadamente a faca ao lado de seu corpo e tocou o frio corpo, deslizando seus dedos pelo braço dele até atingir o líquido na banheira. Balançava as mãos, fazendo ondas de sangue e cantarolando.
- Dorme bem, meu amor. Dorme levando o resto da minha
lucidez.
O medo de perdê-lo, de nunca mais tê-lo, a raiva pelos
enormes erros dele a levou ao ódio. Tudo já era errado em sua vida, o rapaz
tinha que ser certo. Não satisfeito na destruição de todo sentimento puro dela,
o ódio a levou a loucura.
Um texto muito bem escrito minha jovem tolinha, fluído com clareza e preenchido com os mais interessantes detalhes!!
ResponderExcluirAdorei, a narrativa. Um texto muito forte, mais tem uma delicadeza que só você mesmo para fazer isso.
ResponderExcluirLindo Máh!
ResponderExcluirPerfeitamente insano. Amei!
Sua escrita minuciosa e a riqueza das comparações me deixam arrepiado. Parabéns por mais esta obra.