sábado, 15 de outubro de 2011

Fantasminhas camaradas?



Sabe as assombrações, os fantasmas que te perturbavam as noites quando você era criança? Chegava a hora de dormir e todo barulho ou imagem no meio do escuro te remetia a um possível fantasma. Você então, se cobria com o cobertor mais pesado, juntava ele por todo o seu corpo, sem deixar nem um espaçozinho sequer mesmo que estivesse o calor mais insuportável do mundo, depois disso cobria o seu rosto pra não ver nada caso seus olhos insistissem em abrir, quase se sufocava ou morria de calor, mas não importava, só não podia ver ou sentir um fantasma por ali. O medo era mais forte. Na noite seguinte o anúncio na TV era de um filme de terror, sua mãe dizia: “É bom você não assistir ou não vai conseguir dormir depois!”. Concordava, porém só da boca pra fora, porque era tão emocionante tudo aquilo que escondido ia assistir. E, mais uma vez, ignorando os avisos, aqueles medos voltavam. Depois de toda aquela proteção contra fantasmas o medo ainda voltava lá e seus olhos enchiam de lágrimas. “Por que eu não ouvi minha mãe?”, se perguntava até cair no sono. O problema que os fantasmas também vinham em pacotinhos chamados ‘pesadelos’, e, desses eram difíceis fugir. Mas no dia seguinte você já acordava corajoso de novo, podendo enfrentar qualquer fantasmas que viessem pela frente, eles não eram páreo para você. Sentia-se a Mulher-Maravilha até passar outro filme na TV e tudo se repetir, só que dessa vez você engolia a vergonha e ia dormir com seus pais. Não era assim?
Você cresceu, os fantasmas não te assustam tanto mais como antes. Mas aí aparecem outros fantasmas, outros monstros pra assombrarem suas noites. E esses são reais, tem nome e sobrenome, vêm em pacotinhos chamados ‘pesadelos’, mas, também vêm em pacotinhos chamados ‘realidade’. Os sons e imagens que eles produzem durante a noite são reais, são chamados de ‘lembrança’. O medo que eles te dão vem do seu coração que não sabe lidar com aquilo. E, mesmo assim, algo dentro de você ainda acha todo esse “filme de terror” tão emocionante como os de quando você era criança, e fica assim, permanente em você por mais que doa, porque no fundo ainda te faz bem, te faz feliz esse medinho, essa emoção. Você ainda foge, porque fantasmas são difíceis de capturar e, a essa altura, depois de tantos fantasmas te rondarem você não tem mais a força de uma super-heroína e muito menos a sabedoria de um Dalai Lama pra conseguir lidar com tudo isso. Mas deixar de assistir o filme também é difícil. Então, decidi continuar a repetir o ritual de quando era criança, se cobre, esconde a cabeça, as lágrimas surgem um pouquinho até tudo isso passar ou você cair no sono. A cama dos pais já não é uma possibilidade, te resta se agarrar um pouco no travesseiro.
 “Não assista esse filme de terror, ele não vai te deixar dormir.”, eu sei, mas o fantasma que aparece nele me faz tão bem, mãe.

Um comentário:

  1. 0ii má!..ki saudade di vc!..mas logo a gente vai se ver ne!?..fikei sabendo ki agora vc é motorista..entao keru minha carona!kkkkk
    bjuu..lindo texto!

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