quarta-feira, 11 de julho de 2012

Tudo bem, eu te amo. A gente pode pedir uma pizza.


Sento em cima da bancada da cozinha e o observo fazer o almoço, esse é um dos poucos momentos em que vejo esse cara desastrado ficar mesmo concentrado. Assobiando e jogando sorrisos pra mim, eu só o olho com cara de sapeca desejando ele e ao mesmo tempo duvidando que nada sairá errado com a comida. Parece que ele também está feliz por estarmos ali. O apartamento dele parece estar mais escuro hoje, mas os castanhos olhos dele estão mais iluminados. Parece mesmo que, dessa vez, nada sairá errado. Nem com a comida, nem com a gente. Porque eu posso me ver junto desse homem, juntando histórias, trapos e retratos com ele. Ele me desperta sentimentos terrivelmente inocentes, tipo o amor. Ele me envolve num romance e eu sinto que não morrerei no final e que o nosso para sempre pode acabar, mas depois a gente recomeça de novo.  Não faço declarações para ele, mas ambos sabemos que todas as declarações estão entre a gente.  

E da forma mais livre que nós podemos ser, nós nos prendemos, um no outro, sem querer sair. É estranho, mas é real. E parece que não vai se dissipar como a fumaça que sai da panela onde ele está preparando a comida. 

Cantando Everything – e imitando da pior e mais fofa forma o Michael Bublé – ele se aproxima e eu me sinto dançar quando ele começa a cantar ao pé do meu ouvido.  Me envolvo com o cheiro dele e com o cheiro que sai da panela, mas o dele com certeza é o melhor.  Ele tem cheiro de inverno acolhedor. Me acolhendo. Me aquecendo. 

- Você vai deixar a comida queimar – Digo sorrindo e mordendo o lábio. Ele faz que não com a cabeça e me beija. E Então, o mundo é inteirinho nosso e eu mergulho em amor. Mergulho numa formidável alma, a alma dele. O sabor dele é de doce sem frescuras, aqueles doces simples que a gente nunca deixa de gostar. Ele tem sabor de brigadeiro, eu acho.       
  
- A comida tá queimando – exclamei, me soltando dele após notar o cheiro de queimado, ainda meio abobada depois de ficar por vários minutos envolvida naqueles braços. 

- Tudo bem, eu te amo. A gente pode pedir uma pizza. – Diz ele, colocando na frase três palavras envolventes e declaradoras. Sem saber se sorrio ou finjo não notar o que ele disse eu continuo olhando pros olhos dele, depois pra boca e assim sucessivamente, buscando simples palavras. Daqui a pouco a casa pode pegar fogo e ainda não nos soltamos. 

- É, acho que a gente pode pedir uma pizza. Eu também te amo. – Esquecemos que a maioria das pizzarias não entregam na hora do almoço. Tudo bem, a gente se ama. 

fonte da imagem: http://weheartit.com/

5 comentários:

  1. "Tudo bem, a gente se ama."
    LINDO, SEM MAIS!

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  2. Awwww *-*
    O título (& o texto todo, é claro) é simplesmente... ridículo de tão lindo! Hahaha.

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  3. me candidato a seu cozinheiro, se pagar com tanto carinho assim.

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  4. Máh
    Onde posso comprar seu livro?
    Sério, que texto lindo, parece o prólogo de um livro
    Você está escrevendo cada dia melhor :)

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