domingo, 11 de setembro de 2011

O Celular

Um vento fresco e um sol do tipo que aquece o coração começavam a dar espaço para a lua tomar o seu lugar. Eles estavam deitados na grama em silêncio havia algumas horas.

Ela pressionava o celular como se quisesse ressuscitá-lo de alguma forma.

- Você vai quebrar seu celular o segurando com tanta força. – Ele observou e riu.

- Desculpa. Eu estou fazendo de novo, né? – Olhou cabisbaixa de forma arrependida.
- É. Você sabe que o visor do celular não vai piscar, que o celular não vai tocar a música especial dele avisando que ele tá te ligando. Ele não liga mais.
- Eu sei. Na verdade ele nunca ligou muito. Não se importava no auge do nosso “amor” (fez sinal de aspas com a mão) quem dirá agora que tudo retornou a estaca zero. – Olhou para a insignificante formiga que passava como se quisesse trocar o seu lugar com o dela.
- E você ainda continua aflita à espera dele... – Disse ele com ar de decepção.
- Sinto tanta raiva desse meu jeito. Que vontade de jogar esse maldito celular bem naquela árvore! – Disse ela, segurando o grito.
- Joga! – Alegrou-se ele.
- É mais forte que eu... Não consigo. Acho que nasci pra fazer esse papel da personagem que está sempre à espera, que sofre, que ama. Ama demais. Sempre mais.
Enquanto ela falava o celular piscou. Ele apontou em sinal de aviso.
- Aposto que é alguma propaganda. – Demonstrou desinteresse.

Clicou delicadamente em "ver mensagem".
“Você não é a única que ama sempre mais. Eu amo demais, você nem nota, sua boba.
Eu te amo !
Assinado: O cara deitado ao seu lado."

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