quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cuida de mim?

- Lembra o dia que você prometeu cuidar de mim? – Perguntou com aqueles olhinhos caídos e meigos que era uma das características mais marcantes dele.
-Lembro, claro que lembro! Por que essa pergunta agora? – Tirou os dedos que passava por entre os cabelos castanhos dele e o olhou espantada.
- Até quando você vai conseguir cumprir? – Mexia no zíper do bolso de forma agonizante com o olhar cabisbaixo. Ignorou a pergunta dela.
- Como assim? Eu não estou aqui com você agora? – Olhava com o coração apertado, como se o tivesse ferindo.
- Sim. Mas até quando? Ando te vendo aí meio em carne viva, recolhendo caquinhos... – Parecia se sentir culpado.
- Não, não é isso (Encheu o ar nos pulmões e continuou)... Eu vou sempre estar aqui quando você precisar. É só que (soltou o ar que preenchia o vazio que se encontrava a sua alma)... Eu também tenho meu lado frágil, posso passar toda essa segurança, mas no fundo sou uma boba carente que precisa de cuidados. Quero doar, mas também preciso receber. – Ela expressava vergonha no olhar.
- Eu entendo... (respirou fundo) Não sei o que dizer... – Tinha um tantinho de lágrimas nos pequenos olhinhos dele.
Segurou forte uma das mãos dele, com a outra mão passou seus dedos novamente por entre os fios do seu cabelo castanho.  Ergueu suavemente a cabeça dele, olhou fundo em seus olhos e disse:
- Não se preocupe, esse é o meu papel de doadora. Sempre foi. Vou ferida cuidar de você, mas vou. – Sorriu, assim de canto de boca, suavemente sem dor.
 - Mas... E se eu disser que quero mudar esse seu papel? – Aquele doce olhar dele se tornou decidido, como nunca antes ela tinha visto.  
- Como assim? – Era o olhar dela que se tornava confuso dessa vez.
- Eu quero, eu vou cuidar de você também, minha pequena.

“Cuida de mim, enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim, enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim, enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim, enquanto finjo... Enquanto fujo... “
O Teatro Mágico – Cuida de mim

2 comentários:

  1. O legal é que a gente escreveu contos com personagens semelhantes: uma moça e uma criança. Adorei a coincidência e o post!

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  2. Na verdade minha intenção não era de ser uma criança, não é uma criança. Mas no fundo faz um pouco de sentido essa sua interpretação...rs Obrigada, Tami! (:

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