Um grito estridente e abafado
saiu da boca da menina, pelo reflexo do espelho notou que havia uma pessoa
diferente ali. Saiu depressa e assustada do quarto.
- Vem, mãe, corre! – Puxou a mãe pelo braço e as trancou no banheiro.
- O que houve?! – a mãe não
entendia o tamanho do desespero da menina.
- Alguém entrou aqui em casa! A
gente tem que chamar a polícia! – explicou afobada e tremendo.
- Você tá doida, menina. Não tem
como ninguém entrar aqui. – destrancou a porta e saiu calmamente.
A menina tentou impedir, mas a mãe
foi verificar.
- Cê deve ter tido um pesadelo,
não tem ninguém aqui. – viu que estava tudo em ordem e saiu do quarto pensando
nas tarefas da casa que precisavam ser finalizadas.
Ainda assustada, a menina voltou
até o quarto e observou de canto de olho que ainda havia um reflexo diferente
ali. Chamou a polícia, mas eles acharam que ela devia mesmo era chamar um
psiquiatra.
Ninguém via ou acreditava nela,
era como se ela visse um fantasma. Ela mesma
teria que enfrentar a pessoa que estava se escondendo ali. Foi até a cozinha, seu gato apenas acompanhava cada movimento dela com o
olhar, parecia que também estava achando que ela ficara louca, pegou duas facas
e foi corajosamente até o quarto. Respirou fundo, deu um impulso e saiu
correndo em direção ao espelho gritando como uma guerreira em combate.
Bateu com a faca no espelho e parou, como num choque, ficou paralisada.
E ali, em meio às pequenas rachaduras
que se formaram, viu que a mulher era o seu próprio reflexo. Ela enfrentou barreiras, a reconstrução foi dolorosa, mas a renovação se tornou grandiosa. Se encontrou.
Nunca foi tão bom me olhar no espelho, apesar do espanto de como foi tão rápido, me sinto
bem, essa era a mudança que queria ver – pensou, com um sorriso largo no rosto.